ela não gosta de ninguém

Oi! Ai ai ai, eu não escrevo mais, eu não converso mais... Uma hora eu iria acabar me engasgando. Sério. Vamos aos fatos: meu coração é uma pedra. Pronto, é um fato só na verdade. Uma coisa era eu ter paixonites por amigos meus quando eu era pré-adolescente, outra coisa é eu ter paixão platônica por cantora aos 20 anos. Mas gostar-gostar? Nada, e sem previsão de fim.

Não é de hoje que eu tenho que lidar com isso. Aos 14, 15 as minas amigas já tinham seus namorados e com o tempo, suas experiências sexuais com os ditos cujos, e quanto à mim? Sem namorado e sem esperanças de ter um dia. E sem a menor vontade de fazer sexo também. Eu tinha nojo, normal, eu acho. Eu só queria ter alguém que se importasse comigo, que estivesse ali sempre, uma companhia pros domingos chatos, andar de mãos dadas... Essas coisas. Mas eu não conseguia gostar de ninguém. Eu abusava. Eu tive uns amigos que gostaram de mim. 3 que eu consigo me lembrar. Aí eu tentava dar uma 'chance', mas logo abusava...

Aí um belo dia eu tomo um porre de catuaba e beijo uma menina! No dia seguinte eu acordei sem acreditar, mas haviam vários amigos para confirmar minhas memórias turvas.. E com detalhes! E com detalhe adicionalíssimo de que eu quem fui atrás! AHA! Então era isso... Eu enjoava por que eu não gostava era de meninos! Muito bem. Não, não foi tão simples assim, é claro. Mas vamos dizer que foi para simplificar a história. Certo, a menina passou a ir atrás de mim de uma maneira que eu não conseguia fugir (minha tática de fora: fuga. Eu simplesmente desapareço.), ela sempre dava um jeito de me encontrar. Eu ía na casa da Gabi e dizia: "Eu não aguento mais essa menina, eu já tô enjoada!" e ela dizia: "Eka e seus enjoos..."

A Gabi me conhece bem.

Mas não era enjoo não, eu só não queria aquilo pra mim. Não queria ser gay. Se desse pra escolher, acho que ninguém iria querer, é mais fácil estar no padrão. Certo? Não ter ninguém apontando o dedo na sua cara, em fim. Me apaixonei. E foi aqueles amores roxos de mão gelada, aperto no estômago, coração acelerado, fugir de casa, essas coisas... Eu descia a minha rua flutuando pro centro de convenções mesmo sabendo que quando voltasse tería que chorar uns bocados e contar umas mentiras que quase sempre não colavam. E quando acabou foi como se a minha vida estivesse acabado durante um ano, o que eu levei pra superar.

Aí passaram-se quase 4 anos desde então e eu nunca mais me afeiçoei a ninguém. Digo afeiçoei por que é a palavra mais leve que eu consegui achar. Nada x nada. Até tentei no trampo, e me arrependi pq só brinquei com alguém que... vá lá, nem merecia. Ninguém merece o tipo de namorada que eu fui daquela vez. Daí eu me pergunto,o que é que foi dessa vez? Hoje em dia eu sou bem entendida com a minha sexualidade. Só não aparece ninguém que me surpreenda. E não precisa ser uma pessoa nova, como eu vivo falando com a Yana e a Ks, olha o exemplo delas... De onde todo mundo duvidou (principalmente eu), num é que deu certo? Não dizem que a vida é cheia de surpresas? Eu estou esperando a minha. E deitada, pq até sentada eu já cansei. A Yana fala que eu tenho um ideal de pessoa, e que isso é um problema. Ontem a pequena Gab's bêbada me disse que eu tenho um ideal de pessoa, e que isso é normal. Mas eu não tenho ideal não. Tô falando sério! As vezes as pessoas mais nadavê acabam dando super bem, super certo, eu acredito nisso. Mas eu tô tomada é por um tédio sem fim. Não sei se teria boa-vontade o suficiente pra ligar, ir atras, mandar mensagem perguntando "tá bem? já vai dormir agora?" e eu acho que me assustaria se o fizessem. Dá pra entender uma criatura dessas? O quê que eu quero então? Nem eu sei.

Aí perece que ultimamente as pessoas vem prestando atenção nisso, como se agora todo mundo tivesse se tocado quem eu sou. Que eu sou assim e pronto, não dá pra mudar "olha eu conheço ela, ela não gosta de ninguém, cuidado".